As emoções, a inteligência e a mente humana
Emoção:
Tem origem numa causa, num objeto;
São reações corporais específicas, observáveis;
São públicas e voltadas para o exterior;
São automáticas e inconscientes;
Polaridade: podem ser negativas ou positivas;
São versáteis pois variam em intensidade e são de breve duração;
Relacionam-se com o tempo: as emoções têm princípio e fim.
Componentes da emoção
Componente cognitiva - Ocorre quando tomamos conhecimento do facto: se não houver conhecimento deste, não se experimenta qualquer emoção;
Componente avaliativa - Fazemos uma avaliação, agradável ou desagradável, da situação;
Componente fisiológica - Manifestações orgânicas, corporais face à emoção;
Componente expressiva - Expressões corporais que permitem mostrar ao outro as nossas emoções;
Componente comportamental - Comportamento que o sujeito poderá ter face ao outro, é o estado emocional que desencadeia determinado conjunto de comportamentos;
Componente subjetiva - Relaciona-se com o que o indivíduo sente a nível emocional e interior a que só ele tem acesso, ou seja, é o estado afetivo associado à emoção.
Afeto:
Os afetos têm a ver com aquilo que nos afeta, são algo de que somos dotados;
São tendências para responder positiva ou negativamente a experiências emocionais relacionadas com as pessoas ou objetos;
Ter afetos é ser dotado da capacidade de dar e de receber, de amar e de ser amado, de perturbar e de ser perturbado;
Os afetos exprimem-se através das emoções e têm uma ligação especial com o passado, com as experiências e vivências com as pessoas, objetos, ambientes e ideias. As emoções estão ligadas essencialmente a situações presentes;
Exprimem-se em sentimentos e emoções.
Sentimento:
Não são observáveis, são privados e relacionam-se com o interior;
Prolongam-se no tempo e são de menor intensidade de expressão que as emoções;
Não se associam a nenhuma causa imediata;
Surgem quando tomamos consciência das nossas emoções.
Diferença entre sentimento e emoção, segundo Antonio Damasio:
Normalmente, emoções e sentimentos surgem como sinónimos, mas segundo António Damásio, a relação entre ambos é muito estreita.
Segundo António Damásio, a emoção é um conjunto de reações corporais, automáticas e inconscientes, face a determinados estímulos provenientes do meio onde estamos inseridos. O sentimento surge quando tomamos consciência das nossas emoções, ou seja, o sentimento dá-se quando as nossas emoções são transferidas para determinadas zonas do nosso cérebro, onde são codificadas sob a forma de atividade neuronal.
Inteligência
O termo inteligência vem do latim intelligentĭa, que, por sua vez, deriva de inteligere. Esta é uma palavra que é composta por dois outros termos: intus (“entre”) e legere (“escolher”). Assim sendo, a origem etimológica do conceito de inteligência faz referência a quem sabe escolher: a inteligência permite portanto selecionar/escolher as melhores opções na hora de solucionar uma questão.
As definições de inteligência podem classificar-se em distintos grupos:
a inteligência psicológica (a capacidade cognitiva, de aprendizagem e relação),
a inteligência biológica (a capacidade de adaptação perante novas situações),
a inteligência operativa.
Em todo o caso, a inteligência abarca a capacidade de entender, assimilar, elaborar informação e usá-la de forma adequada. Face ao carácter um tanto complexo da inteligência, o conceito pode unicamente ser definido de forma parcial, mediante a enumeração de atributos e processos. Na perspetiva do psicólogo norte-americano Howard Gardner, da Universidade de Harvard, a inteligência é o potencial de cada ser humano, não podendo ser quantificado mas antes unicamente observado e desenvolvido através de determinadas práticas. Para além desta postura teórica, a ciência elaborou diversos conceitos e mecanismos para medir a inteligência, geralmente através do quociente intelectual (o chamado QI) dos indivíduos. Este dado é calculado e obtido graças à psicometria, que é o ramo da psicologia que se dedica ao estudo das medições psicológicas.
Por último, cabe destacar que existe o conceito de inteligência artificial, desenvolvido para fazer alusão aos sistemas criados pelos seres humanos. Um sistema de inteligência artificial deve ser capaz de planear, resolver problemas, pensar de maneira abstracta, compreender ideias e linguagens, e aprender.
Mente
Mente é o estado da consciência ou subconsciência que possibilita a expressão da natureza1 humana. 'Mente' é um conceito bastante utilizado para descrever as funções superiores do cérebro humano relacionando a cognição e o comportamento. Principalmente aquelas funções que fazem os seres humanos conscientes, tais como a interpretação, os desejos, o temperamento, a imaginação, a linguagem, os sentidos, embora estejam vinculadas as qualidades mais inconsciente como o pensamento, a razão, a memória, a intuição, a inteligência, o arquétipo, o sonho, o sentimento, ego e superego.
Imaginação
De origem no latim imaginatióne, que significa imagem.
A imaginação é a representação da realidade ou dos objetos e não a coisa em si.
Platão desvalorizava a imaginação por considerá-la o mais baixo grau do conhecimento, por ser algo baseado em devaneios da mente. Apesar desta depreciação, a imaginação enquanto produção de representações pressupõe uma atividade do espírito. É a capacidade de criar imagens mentais e poder pensar além da própria realidade, inovando-a. A imaginação permite ao ser humano conceber um mundo imaginário. É assim uma imaginação produtora e que pode enriquecer o nosso espírito, já que é a representação de uma realidade ausente, mas que permite a existência da liberdade do espírito.
Na filosofia mais racionalista, a imaginação tem um carácter negativo. Por exemplo, para Pascal, a imaginação é a mestra da falsidade e do erro, pois não fornece critério seguro para distinguir o falso do verdadeiro. Na corrente inspirada por Descartes e Espinosa, a imaginação tem como função produzir a aparência e produz erros no espírito. Segundo Descartes, é necessário romper com a aparência ilusória das coisas que nos surgem pelas imagens. Para Malebranche, é aquilo que fornece crenças irracionais e absurdas.
Por outro lado, Kant fez da imaginação transcendental a condição primeira de todos os pensamentos, isto porque considerou que a imaginação é a faculdade das imagens e, como tal, pode intervir na sensação onde a imagem se produz e na memória onde se reproduz. Por último, segundo Bachelard, a imaginação é a faculdade de invenção e de renovação.
Atenção
Focalização da perceção, de modo prolongado, sobre um conjunto de estímulos em detrimento de outros. Processo que assegura a seleção da informação, com vista à elaboração de respostas adequadas. As principais perturbações de atenção são a distração (atenção flutuante entre situações) e a dispersão (incapacidade de concentração numa situação).
Codificação
Processo pelo qual um estímulo físico (visual, auditivo, tátil, olfativo ou gustativo) é transformado numa representação mental (imagem), que pode ser armazenada na memória.
Conduta
Termo usado por diversas correntes da psicologia para designar o comportamento, não apenas na sua dimensão exteriormente observável, mas também nas suas componentes processuais internas e mentais.
Constância percetiva
Capacidade para perceber os objetos como constantes e estáveis, relativamente à forma, tamanho, cor e luminosidade, apesar das variações dos dados sensoriais em bruto.
Criatividade
Habilidade para descobrir soluções novas, invulgares e adequadas a uma situação nova ou problema.
Evocação
Operação da memória pela qual o sujeito recorda um acontecimento do passado ou um objeto anteriormente percebido, isto é, recupera informação previamente armazenada, com o objetivo de a utilizar na situação atual. Implica esforço de procura do material armazenado.
Inato
Característica que o indivíduo apresenta à nascença, de forma manifesta ou latente, e que não resulta da aprendizagem ou de outra ação do meio. Opõe-se a adquirido.
Indicadores binoculares de profundidade
Indícios que permitem a perceção tridimensional e que decorrem do facto de os seres humanos serem dotados de dois olhos.
Indicadores monoculares de profundidade
Indícios que permitem a perceção tridimensional e que estão disponíveis para cada olho separadamente.
Metacognição
Designa ao mesmo tempo os conhecimentos a propósito da própria cognição e os processos e estratégias de regulação da cognição.
Perceto
Representação mental de um estímulo que é percebido.
Profundidade
Designa, quando aplicada à perceção, a distância de algo percebido relativamente ao observador.
Repetição
Estratégia para convencer a informação na memória a curto prazo, ou para transferi-la para a memória a longo prazo, mediante reprodução sistemática e reiterada da informação.
Retina
Fina membrana interna (sensorial) da parte de trás do globo ocular onde se formam as imagens; contém os recetores que transformam as ondas de luz em sinais neurais.
Teste
Instrumento padronizado para obter informação sobre características do indivíduo (intelectuais, aptidões, personalidade, etc.).
Traço mnésico
Marca deixada por uma informação no sistema nervoso central (memória); pode ser permanente ou temporária.
Autorregulação (mecanismo de)
Conjunto de meios psíquicos e comportamentais que um indivíduo interpõe entre uma agressão e o seu organismo; mecanismos de ajustamento em direção a um objeto.
Prosódia
Conjunto de características fónicas do encadeamento do discurso: variações de altura, de intensidade ou de duração que determinam a melodia, os tons, as pausas, os acentos, o ritmo, etc.
Resposta “Ataque-ou-fuga” (Luta/Fuga)
Designa a prontidão fisiológica do animal para lidar com o perigo.
Regras de manifestação (ou de exibição)
Conjunto de normas culturais que estipulam como e quando as emoções podem ser exibidas.
Situação indutora
Estímulo ou conjunto de estímulos que provocam acentuação da excitação ou da inibição.
Subcortical
Refere-se às regiões mais antigas, do ponto de vista filogenético, do cérebro ou encéfalo, situadas abaixo do córtex.
Dissociação
Designa a rutura da unidade psíquica da mente, presidindo esta, no sujeito normal, à integração harmoniosa dos diferentes campos. Personalidade, cognição, emoção, comportamento. Este termo não deverá ser confundido com dissonância (termo associado è esquizofrenia).
Imagem
Representação mental (visual, auditiva, tátil, olfativa ou gustativa).
Integração
Inclusão no todo; é um princípio de organização inerente aos sistemas complexos e pressupõe a ideia de uma estrutura única, cujo funcionamento eficaz e eficiente depende do equilíbrio harmonioso e da unidade funcional entre as componentes do sistema.
Significado
Interpretação; sentido; atribuição.
Unificar
Tornar uno ou unido; reunir várias partes num todo único e organizado; fazer convergir para um só fim ou objetivo.
Afiliação
Necessidade que o indivíduo tem de ser aceite e estimado pelo outro, de estabelecer ligações afetivas.
Ambivalência
Coexistência de sentimentos ou atitudes opostas (amor/ódio; aproximação/rejeição) em relação ao mesmo indivíduo ou objeto.
Anaclítico
Relativo a apoio ou dependência. Termo usado por Spitz para referir a relação de dependência que o bebé estabelece com a mãe nos primeiros tempos de vida.
Ansiedade
Processo emocional de tonalidade desagradável, caracterizado pela sensação de mal-estar, inquietude, insegurança. Na sua forma intensa, persistente e repetitiva, constitui um dos sintomas mais significativos de um grande número de perturbações psicológicas.
Conforto de contacto (ou contacto-conforto)
Conceito introduzido por Harry Harlow para caracterizar a necessidade primária, isto é, não dependente de outras necessidades, que leva o indivíduo à procura de contacto corporal. A relação precoce permite a satisfação desta necessidade.
Desenvolvimento
Conjunto de transformações por que passa um indivíduo ao longo do seu ciclo de vida (da geração até à morte). É um processo multidimensional (físico, fisiológico, psicológico e social).
Díade
Designa dois indivíduos em interação. É considerada a relação social mais influente na medida em que o comportamento de um dos indivíduos é modelado pelo outro.
Observação naturalista
Designa a metodologia de observação dos indivíduos (humanos e não humanos) em ambiente natural, com o objetivo de captar os seus comportamentos genuínos e na sua relação com o meio.